Basti (dor) do tempo
Cansada de Ser,
ela se foi.
E tornaram-se memórias
as benditas histórias.
Fatigada dos dias,
quis aprender sobre a candura do tempo.
O tempo demora-se,
em silêncio, decidiu apenas passar pelos dias.
Semear os acasos,
escorregadia vida.
Caminhar pelas pedras,
na dureza da peleja da vida.
Ventania de Oyá,
levou os dias, bagunçou o chão.
Brisa de Iansã,
amansou as pedras e firmou o tempo.
E caminhando, colocou-se a pensar,
aquela vida ou outra vida?
Cansada de Ser, de tantos sentires,
teceu o tempo, de tempo em tempo.
Anseia descansar de Ser,
mas Oyá mandou recado pelo vento,
-menina, tão desejosa de saber,
e não sabes que a vida é Ser-movimento?
Então, teceu o tempo sem tanto pensar,
arrumou linha vermelha,
pegou tecido e bastidor,
Pôs-se a bordar os dias, a brisa e os ventos.
Ana Gomyde
Enviado por Ana Gomyde em 16/01/2024
Alterado em 16/01/2024