Pés no chão
de antemão
Águas contidas
.
A mulher pisou na terra
Amansou o fogo
Conteve o vento
.
Retirou as rosas, as vermelhas
Intensas rosas, aquelas
Vermelho sangue
.
Desviou o fluxo, sangrou
Estancou as lágrimas
E pôs-se a pensar
.
Tanto desafiou o destino
Cansou-se
Triste, desfez os sentires
.
Circundou a terra com pedras
Endureceu o tempo
Amuada, trocou de pele
.
Ajuizou o vento
Antecipou os dias
Prendeu os cabelos esvoaçantes
.
Apagou com tristeza-contrariada-
vestígios de lembranças
Aparou o impulso-amor
.
Deslocou sentimentos
Pés na terra
Inventou outros jeitos
.
Fechou as janelas
Vestiu com cortina cinza
E despediu-se do vento-amor
.
Envolta à terra
aguarda ventos outros
Serenos ventos
.
Brisa suave que abraça
Enlaça
Esvoaça o tempo
Não desfaz o laço
Nem desterra os pés
.
É o desejo da mulher
Sentir o vento
Sem tirar os pés do
Chão
Assim, de antemão